Compras de fertilizantes para a próxima safra de milho estão 13 pontos percentuais abaixo da média histórica
Dados da consultoria Agrinvest revelam que, até meados de setembro, apenas 42% dos fertilizantes necessários para a segunda safra de milho de 2025 foram adquiridos pelos produtores brasileiros. Esse índice, embora semelhante ao registrado no mesmo período do ano anterior para a safrinha 2024, representa uma queda de 13 pontos percentuais em relação à média das últimas cinco temporadas.
Luís Arruda, Diretor de Distribuição da Mosaic, destaca que o atraso nas negociações é evidente, especialmente em algumas regiões que apresentam defasagem superior a 10 pontos percentuais. Em estados como Paraná e Mato Grosso do Sul, que possuem grandes volumes de produção, apenas 20% das aquisições foram concluídas até o momento.
O analista de Fertilizantes da Agrinvest, Jeferson Souza, atribui essa lentidão principalmente ao atraso no plantio da safra de soja verão 2024/25. Segundo ele, a demora na semeadura da soja, especialmente no Mato Grosso, levou os produtores a postergar suas decisões de compra. “Além disso, há uma certa desconfiança quanto aos preços e ao crédito, fatores que também impactam na tomada de decisão, mas o principal motivo continua sendo o atraso no plantio em comparação ao ano anterior”, afirma Souza.
Arruda complementa que a relação de troca de produtos fertilizantes tem apresentado momentos desafiadores para os produtores. No entanto, atualmente, as condições de mercado são mais favoráveis para a safrinha de milho. “Ao longo do ano, a relação de troca enfrentou variações. Enquanto em alguns períodos esteve desfavorável, agora observa-se uma situação mais vantajosa, especialmente para o cloreto de potássio, amplamente utilizado. Com relação aos fosfatados, a situação não é a melhor, mas quando combinados com o cloreto de potássio, a relação média histórica se torna atrativa. Recentemente, os preços de nitrogenados e potássio caíram no mercado internacional, tornando a relação de troca bastante convidativa”, explica o diretor.
Souza, por sua vez, vê um cenário positivo para os preços neste momento. “A relação de troca para o cloreto está próxima da média, embora a situação do fósforo não seja ideal, dificultando a decisão dos produtores. No entanto, os preços de nitrogenados e potássio estão dentro da média, sem grandes complicações”.
Ambos os especialistas ressaltam a importância de os produtores monitorarem a relação de troca. Arruda adverte que, com a proximidade do plantio da safrinha, é fundamental garantir a aquisição de fertilizantes a tempo, para evitar possíveis gargalos logísticos. “Precisamos ficar atentos, especialmente no final do ano, quando as chuvas aumentam e a chegada e descarregamento dos navios nos portos podem sofrer atrasos”, alerta.
Embora Souza minimize os riscos logísticos, ele reconhece a necessidade de vigilância conforme a situação evolui. “É difícil prever atrasos logísticos. O setor está atento a fatores relacionados ao Rio Madeira e ao Rio Tapajós, que podem ocasionar problemas. No entanto, até o momento, não há previsões de atrasos significativos. Historicamente, os produtores têm conseguido adquirir fertilizantes mesmo com compras tardias, como ocorreu no ano passado”, afirma.
Além disso, Arruda destaca a relevância do contexto geopolítico internacional, que pode impactar as entregas de fertilizantes. “É crucial acompanhar as relações geopolíticas. Quanto antes os fertilizantes estiverem disponíveis, melhor será, pois o fornecimento de muitos nitrogenados provém do Oriente Médio”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio